sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Capítulo I

CAPÍTULO I
1. PRINCIPAIS MODELOS DE AVALIAÇÃO DO PROFESSOR

Existem vários modos de se avaliar o professor e cada colégio adota o seu modo preferido ou mesmo mais de um modo que por ventura julgar mais adequado ao ato de avaliar.

Um desses modo é o feed contínuo, ou seja; uma avaliação uma avaliação que ocorra não esporadicamente, mas sim todo dia. Pode de repente ser muito cansativo ter que avaliar os professores todos os dias, porém, é mais justo do que avaliar apenas uma vez no semestre ou uma vez no mês porque terá diversas perspectivas.

Um segundo modo é a autoavaliação, que é de longe o mais usado, e como o nome diz o próprio profissional julga como foi o seu trabalho, mas é óbvio que é um modo de avaliação que sempre terá que ser contraposto com outro. 

Um modo muito usado também e não recomendado é a avaliação através de nota dada pelo educando. Não recomendado porque os fatores emocionais são levados mais em conta do que os racionais o que prejudica bons profissionais e ajuda profissionais ruins. Por exemplo um professor que passar exercícios em sala ou para casa será tido pela maioria como mau professor para que seja tirado e não existam mais tarefas a fazer enquanto um professor que nunca passar atividade complementar será tido pela maioria como um bom professor simplesmente porque não cria atividades, sendo que na verdade sem criar atividades a absorção de conhecimento será bem menor. Agora, há uma ressalva, estudantes que já passaram por um professor há muitos anos tendem a ser mais honestos que os que estão passando pelo mesmo no presente porque o fator emocional já estará distanciado e portanto, os “ex-alunos” são na maioria mais honestos que os atuais.

Muitos avaliam o professor pelo rendimento dos estudantes nas provas sem levar em conta fatores externos à sala de aula como por exemplo a própria estrutura do colégio, ou falta de estrutura, o que não é um modo justo muitas vezes. 

Existe ainda a avaliação por triangulação, ou seja, vários modos de avaliações que serão contrapostos como por exemplo a autoavaliação contraposta com a avaliação dos outros professores sobre aquele e de ex-alunos mais os rendimentos de classe nas provas. E de tudo isso tirar uma análise final, de preferência juntado com o feed contínuo, o que talvez nem sempre seja possível, então o gestor terá que escolher entre um e outro.

1.1 AUTOAVALIAÇÃO E FEED CONTÍNUO, O MODELO MAIS INDICADO

Algumas escolas adotaram o feed contínuo e o processo de autoavalição, e, ao que tudo indica, vem dando resultado, quando bem aplicado, mas existem muitas outras formas de avaliar e existem escolas que simplesmente não avaliam ou deixam a avaliação por conta ou só dos estudantes ou só por conta do diretor ou somente nas mãos dos coordenadores, diferente da diretora Elaine Marini, do Colégio da Polícia Militar, na zona leste da cidade de São Paulo, que caminha constantemente pelos corredores observando sempre o que acontece em cada sala de aula, cumprindo o que diz a LBD em seu artigo 12.

A Lei de Diretrizes e Bases LDB em seu artigo 12 diz que: “é do estabelecimento de ensino o dever de administrar seu pessoal e zelar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente, respeitando as normas comuns e as do seu sistema de ensino”.

Segundo Camila Ploennes, “professores acreditam que ter seu trabalho examinado é fundamental, desde que a avaliação seja processual e leve em conta diversas perspectivas”.

"Todo docente é muito crítico em relação a seu próprio trabalho, porque você tem o retorno imediato do educando. Se a aula não rendeu, você vai saber na hora", Arno Aloisio Goettems, professor de geografia. 

A professora de biologia, Viviane Linguitte Gadotti, do Colégio da Polícia Militar, na zona leste da cidade de São Paulo diz o seguinte: "vou para casa, pesquiso dinâmicas diferentes, formulo atividades e gosto que os superiores conheçam meu trabalho. Isso não acontece na escola pública, onde sou avaliada mais pelo desempenho dos estudantes". 

Relato da professora Suelen Girotti do Prado, docente de geografia e filosofia dos ensinos fundamental e médio no Colégio Horizontes Uirapuru, na zona oeste de São Paulo: "Em 2009, eu me desliguei da rede pública, em que a avaliação do profissional é abandonada". "No geral a cobrança é muito mais em relação à pontualidade, por exemplo, do que pensando na melhoria da relação ensino-aprendizagem". "Trabalhei em outros colégios privados e em um deles não havia qualquer olhar de fora sobre o meu desempenho. Era só a resposta dos alunos, que elogiavam quando gostavam e reclamavam quando não gostavam".

A diretora Gabriela Lian Branco Martins, também da escola Horizontes Uirapuru, na zona oeste de São Paulo, adota a observação de aulas como fonte de subsídios para as reuniões, duas reuniões individuais por mês, com cada um dos 31 docentes. Também usa os cursos de aperfeiçoamento feitos pelos professores e leituras realizadas por eles durante o ano, comprovadas por meio de textos analíticos como meios formais de avaliar na instituição, e garante: "Na orientação pedagógica, há verificação do planejamento, do material trabalhado, se o professor traz novas ideias, o que ele fez diante de uma prova em que o grupo foi mal. Na orientação educacional, fala-se sobre cada aluno, suas dificuldades e o que o docente está fazendo em termos de recuperação, tanto do aproveitamento quanto do comportamento",

A diretora Elenice Lobo, do Colégio Santo Américo, localizado no bairro do Morumbi, na zona sul de São Paulo, usa a linha de pensamento de feedbacks contínuos. Em sua escola, a partir do ensino fundamental II, o processo é acompanhado por coordenadores pedagógicos e supervisores de cada disciplina. Nas séries iniciais, o trabalho de avaliar é concentrado no coordenador pedagógico: "Como a partir do ensino fundamental 2 o docente já possui licenciatura em uma área específica, existe a figura desse chefe da disciplina", explica. E continua: "Gravamos pela condução da aula em si. A gravação é discutida entre os professores de cada área depois, que opinam sobre o que foi bom e o que poderia ser melhor. Fazemos no sentido de troca de ideias". "Esse sistema nos ajuda a buscar a melhoria não só da técnica, mas essencialmente da dinâmica em sala", conclui professora de química Claudia Aires, do Colégio Santo Américo. 

Sobre os vários processos avaliativos, que foram mudando ao longo dos anos, na Escola Estadual Presidente Costa e Silva, de ensino fundamental, a diretora Adriana Aguiar afirma: "Temos tudo por escrito, porque isso dá segurança ao professor e torna o sistema transparente, mas o trabalho não para no papel. Conversar é fundamental para mostrar que a crítica faz parte de um processo de colaboração consolidado e natural". Esta escola fica a 1.560 quilômetros de São Paulo fica a cidade de Gurupi, no Estado do Tocantins, e é vencedora do Prêmio Gestão Escolar 2011. "Depois de confrontar como o docente se enxergava com o desempenho dos estudantes nas avaliações internas, nós conversávamos com cada profissional para analisar juntos qual era a sua parcela de responsabilidade nos resultados, o que estava errado, o que estava fazendo certo e como poderia melhorar", explica a diretora. E conclui: "A função da avaliação não deve ser a de fiscalizar e punir, mas de contribuir para que o professor vá melhorando suas práticas conforme ganha experiência em sala de aula". 

Deve-se, portanto levar em consideração que se este modelo de avaliação está dando melhores resultados que este seja adotado com maior frequência.

1.2 AVALIAÇÃO POR TRIANGULAÇÃO, O SEGUNDO MODELO MAIS INDICADO

“Diversos países têm discutido de maneira intensa o tema da avaliação docente. Para todos, ainda há uma pergunta sem resposta: como desenvolver uma medida justa do desempenho desse profissional?”. (Paulo de Camargo, integrante da redação da Revista Educação”).

"É um tema que está sendo proposto em todo o mundo. Se entendemos que o docente é um profissional, precisamos admitir que existem características que definem uma profissão, o que inclui a formação inicial, as regulamentações e também a avaliação" (Denise Vaillant, pesquisadora da Universidade do Uruguai e presidente do Comitê Científico do Observatório Internacional da Profissão Docente, com sede na Universidade de Barcelona, na Espanha.)

"A avaliação não deve ser contra o professor, mas uma maneira de contribuir para a melhoria de seu trabalho" (Tadeu da Ponte, especialista em avaliação do Instituto Primeira Escolha). Tadeu aponta que no caso de professores avaliados por alunos, há sempre o perigo da má avaliação porque os que se dão com determinado professor o avaliarão mal, enquanto os que se dão bem tenderão a avaliá-lo como bom, e, então, a questão emocional comprometerá piamente a verdade na maioria dos casos, o que resultará numa experiência de acareação de dados inverídicos.

Sobre as provas de conhecimento, em que se leva em conta a premissa de que “que o professor deve saber o que ensina e estar a par dos fundamentos teóricos que embasam sua profissão”, reflete Francisco Soares, professor do programa de pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), coordenador do Grupo de Avaliação e Medidas Educacionais [Game] na mesma universidade e uma das principais referências brasileiras no tema: "Avaliar implica, também, discutir os critérios que caracterizam um bom professor". 

Outro modo de avaliar o professor é avaliar o rendimento dos estudantes nas provas, mas seria esse por si só um método justo, sem levar em conta “fatores de influência pertencem às escolas, à estrutura, às condições de trabalho e, finalmente, às competências docentes”? “Como distinguir entre o resultado do trabalho de um professor que atua em uma escola de classe média em cidades ricas do interior daquele realizado por professores nas periferias, nas quais os contextos sociais pesam mais do que o talento ou o empenho em ensinar?”.

"A avaliação de rendimento dos alunos examina ao mesmo tempo o trabalho do governo federal, das secretarias de Educação, dos diretores e, por fim, dos professores. Há toda uma linha de responsabilidades descumpridas" (Cipriano Luckesi, doutor pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) e autor de livros sobre o tema).

Segundo Denise Vaillant, as experiências de avaliação docentes mais bem-sucedidas fazem uma "triangulação": "Em alguns países, se combinam processos de autoavaliação, com avaliação dos pares, com um portfólio de suas atividades que o próprio professor prepara para avaliadores externos".

“Segundo estudo elaborado por Denise Vaillant, muitos dos obstáculos às propostas de avaliação docente são gerados quando ganham contornos de dispositivos de controle ou quando o avaliador é um agente externo sem legitimidade para a categoria. Provocam resistência também a percepção de que o discurso político sobre o tema se choca com a realidade vivida pelos professores e quando os critérios avaliados são contraditórios em relação àqueles utilizados na contratação dos docentes. Por fim, no plano conceitual, geram reação as aferições que desconsideram o contexto vivido pelo professor ou que levam em conta apenas aspectos cognitivos.”

“De outro lado, diz a pesquisadora, as propostas que avançam no cenário contemporâneo têm características diametralmente opostas: buscam uma abordagem mais sistêmica, promovem a participação e o envolvimento dos atores implicados, respeitam o trabalho docente e têm como pano de fundo processos de melhoria do sistema educativo, com redes de apoio ao trabalho do professor. Essa perspectiva da avaliação se opõe, por exemplo, às que estão focadas unicamente na remuneração. "Ao invés de pagar pelos resultados, a avaliação pode identificar as necessidades de formação dos professores e apoiá-los", sugere a pesquisadora Margarita Zorrilla, doutora em educação e diretora do Instituto Nacional para a Avaliação de Educação, no México.”

Disponível em: http://revistaeducacao.com.br/textos/181/de-olho-no-professordiversos-paises-tem-discutido-de-maneira-intensa-257863-1.asp

Este é um modelo a ser levado em conta, mas não dá tanto resultado quanto o feed contínuo. 

1.3. A AVALIAÇÃO PELOS EDUCANDOS, UM MODELO NÃO INDICADO

A professora Maria da Paz Araújo Cavalcante, da Escola Estadual Presidente Costa e Silva, afirma: "Os alunos também nos avaliam e se eu não dou uma aula criativa, eles vão dizer". 

O professor de geografia Arno Aloisio Goettems, do Colégio Santo Américo, de São Paulo, afirma: "Todo docente é muito crítico em relação a seu próprio trabalho, porque você tem o retorno imediato do educando. Se a aula não rendeu, você vai saber na hora".

No Colégio da Polícia Militar, existe a figura do líder de sala, eleito por cada turma que agrupa as impressões dos demais estudantes sobre os docentes e se reúne com a coordenadora pedagógica uma vez por mês. Depois, a direção e a coordenação conversam com os professores sobre essas impressões. "Essa conversa é positiva, porque agrupa os comentários dos alunos que nós não teríamos por outro meio", aponta a professora Viviane Gadotti.

Outro modelo de avaliação no mesmo colégio é um questionário anual. O estudante dá uma nota de desempenho para cada professor sobre vários critérios. No entanto, isoladamente isso é inútil porque existe obviamente uma bela oportunidade de vingança. "Se a avaliação do aluno não tem qualquer semelhança com aquela feita pela equipe da escola, descartamos", admite a diretora Elaine Marini. 

"Se existe um incidente entre aluno e professor, ouvimos os dois e tentamos solucionar a situação específica. Entrar nas turmas e aplicar questionário para avaliar professor não parece razoável", opina Elenice Lobo, diretora do Santo Américo, discordando dos questionários preenchidos pelos estudantes. "Se existe um incidente entre aluno e professor, ouvimos os dois e tentamos solucionar a situação específica. Entrar nas turmas e aplicar questionário para avaliar professor não parece razoável", conclui.

O diretor Silvio Freire desistiu da apuração dos resultados no questionário anual:_ "Não tive condições de tabular todas essas informações e dar o feedback antes do fim do ano letivo. São vários itens sobre vários docentes. É preciso um sistema para fazer esse trabalho". Em vez disso, ele teve a ideia de convidar ex-alunos para conversar sobre o curso oferecido pela escola e foi surpreendido pelas análises detalhadas, como exemplifica a seguir: "Um deles me disse que determinado professor de biologia é bom ensinando zoologia, mas não é tão didático quando o assunto é genética, que em compensação é um tema muito bem explicado por outro professor nosso".

Portanto, esta avaliação é a menos indicada devido à maior possibilidade de se cometer injustiça com os professores.

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